just for you

 

 

 

j’ai imaginé un horizon sans corps lourd sur mon ventre

où le masculin ne déteignait pas sur mon humeur blanche

où les mers se retrouvaient en marée la nuit tombée

un paysage désenclumé et idéal

 

l’empowerment de mes cheveux jusqu’à mes fesses - une crinière châtain,

une parure interminable aux coquelicots dorés

qui fend mon dos jusqu’au bas de mes reins

sans soutien gorge

 

une femme-footballeur au bol brun, le visage caché par les plantes

une terrasse en toit, rectangle de murs peints

parfait objet d’ambition de nuits douces

l’alcool, la vertue des damnées

nos hanches pointées contre la pelouse silencieuse

 

le train a mené la route qu’il devait nord

bolas de berlim et paysage en roches noires

ma main dans tes cheveux, bataille

habiter nulle part, juste son propre corps

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

j’ai retiré mon pull avant de te regarder danser et d’aimer tes seins

j’ai retiré ta culotte avant de retirer la mienne

je t’ai aimé avant de savoir ta peau déliée le nœud des cordes esquintées

ton corps à l’automne noire

 

j’ai aimé ton sexe avant de le goûter, ma bouche contre

tu t’es assise sur mon pull au creux de mes mains dans ce jardin la nuit

tu as retiré ton pull avant de me regarder danser et d’aimer mes seins

tu as retiré ma culotte avant que je retire la tienne

j’ai aimé ton goût avant que tu me donnes ta peau

 

 

 

avant de se mêmer et d’être fluide entière

il y a le torrent bien rôdé d’une politique de basculement

un ballet d’homme blancs insistants et alcooliques

un passif vertigineux de drague chiante et de trous du culs fermés

 

il y a un paysage d’abîmes et de portières rayées

la femme en colère dégueule sa chair au fond du parking

d’une périphérie de banlieue parisienne sale

l’envie de faire le tour du monde un slip sur la tête

 

 

 

 

 

j’ai marcher sur des gamètes mortes

avant de feindre ton admiration

fendre fière la sépulture dure et mousseuse

de la vieille pierre qui abrite un mort

 

 

je suis cette femme,

et je ne suis pas agenouillée

les deux mains vers le ciel

pieds nus elle tente d’échapper à la terre

 

les frissons baignent mon dos nervuré

sur le drapé de ma robe longue

jusque mes pieds sales

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

j’ai volé l’huile d’argan

pour revenir dans une chambre sans fenêtre

rêvée et en hauteur

un abri d’absolu

 

tu ne portes qu’un tee shirt en coton noir

la lumière allumée

ta peau vanille sous ton corps

l’idée de ton sexe trempé

 

une trainée douce et brillante

un filet de stupre entre tes lèvres

le harnais autour de ton cul

les sangles noires tes cuisses

 

ma bouche coule

ta bite 

noire

 

où es ton corps

à part dans ma tête

sur ma langue mouille ?

 

mes paupières semi-closes comme celle de cette femme

face contre ciel

les yeux brûlés par le soleil 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

imaginei um horizonte sem corpos pesados sobre o meu ventre
onde o masculino não desbotava sobre a minha disposição branca
onde os mares se encontravam transformados em marés com o cair da noite uma paisagem ideal que tirou o peso de uma bigorna

o empoderamento dos meus cabelos até ao rabo - uma juba castanha, um adorno interminável com papoilas douradas
que me rasga as costas até às partes baixas dos rins,
sem sutiã

uma jogadora de futebol com tigela morena, a cara escondida pelas plantas, um terraço no telhado, retângulo de paredes pintadas,
Oobjeto perfeito para a ambição das noites doces
o álcool, a virtude dos amaldiçoados

as nossas ancas despertas na relva silenciosa

o comboio conduziu o caminho que ele já sabia a norte bolas de berlim e paisagem de rochas negras
a minha mão nos teus cabelos, batalha
viver em nenhum lado, apenas no seu próprio corpo

retirei a minha camisola antes de te ver dançar e de amar os teus seios tirei-te as cuecas antes de retirar as minhas
amei-te antes de saber que a tua pele desfez o nó das cordas gastas
o teu corpo no outono negro

amei o teu sexo antes de o saborear, a minha boca contra
sentaste-te em cima da minha camisola na palma das minhas mãos neste jardim a noite tiraste-me a camisola antes de me ver dançar e de amar os meus seios
tiraste-me as cuecas antes de retirar as tuas
amei o teu sabor antes de me teres dado a tua pele

antes de se juntar e de serem inteiramente fluídos
existe uma torrente bem oleada de uma política de inflexão
um ballet de homens brancos insistentes e alcoólicos
a passividade vertiginosa do engate aborrecido e dos ânus fechados

há uma paisagem de abismo e portas riscadas
a mulher enraivecida vomita a sua carne ao fundo do parking de uma periferia dos sujos subúrbios parisienses
a inveja de dar a volta ao mundo com umas cuecas na cabeça

eu caminhei sobre os gâmetas mortos
antes de fingir a tua admiração
orgulhosa de dividir a sepultura dura e musgosa da velha pedra que abriga um morto

eu sou essa mulher
e eu não estou ajoelhada
as duas mãos erguidas em direcção ao céu de pés nus ela tenta escapar da terra

os arrepios banham as nervuras das minhas costas sobre o meu longo vestido drapeado
até aos meus pés sujos

eu roubei o óleo de argão
para voltar a um quarto sem janelas sonhar nas alturas
um abrigo absoluto

tu não tens mais nada vestido a não ser uma t-shirt de algodão preto a luz ilumina
a tua pele baunilha sobre o teu corpo
a ideia do teu sexo molhado

um rasto doce e brilhante
um líquido de deboche entre os teus lábios o arnês à volta do teu rabo
as correntes pretas as tuas coxas

a minha boca flui o teu pénis preto

ou é o teu corpo
à parte da minha cabeça
sobre a minha língua molhada

as minhas pálpebras semicerradas como as daquela mulher cara contra o céu
os olhos queimados pelo sol

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